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Capoeira angola

“Capoeira angola, mandinga de escravo em ânsia da liberdade. Seu princípio não tem método e o seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista. Capoeira é amorosa, não é perversa. Ela é um hábito cortês que criamos dentro de nós, uma coisa vagabunda.”

Vicente Ferreira Pastinha ou Mestre Pastinha, considerado hoje guardião da capoeira angola.

 

A capoeira angola foi arma fundamental na libertação dos escravos e é hoje essencial ao trabalho da Soma. O potencial bioenergético dos movimentos de ataque e defesa, junto à capacidade de despertar em seu praticante o potencial de enfrentamento necessário a luta contra a neurose, tornaram a capoeira angola um importante campo de pesquisa para a Soma. Mistura de dança, luta, teatro e brincadeira, seu universo é tão amplo e apaixonante que resultou em livro: “A Liberdade do Corpo – Soma, capoeira angola e anarquismo” de João da Mata.

Sua implicação no espaço terapêutico da Soma tem sido também objeto de investigação no meio acadêmico. No Doutorado em Psicologia na UFF/RJ, João da Mata trabalha no tema “A arte-luta da capoeira angola e práticas de liberdade”.

 

A Liberdade do Corpo

A capoeira angola foi uma manifestação de negros escravos que, diante da opressão, buscaram uma forma de reação. A influência étnica, cultural e religiosa dos africanos também são fatores determinantes em seu desenvolvimento. Há quase vinte anos pesquisando sua utilidade terapêutica, procuramos destacar o papel social e político que a capoeira desempenhou no processo de luta antiescravocrata: caracterizou-se por uma revolta, por uma reação que se colocou como alternativa à escravidão e à conseqüente conquista da liberdade.

A criação da Soma representou uma possibilidade, no campo terapêutico, para o processo de liberdade diante de uma situação opressiva e reacionária como a escravidão. A Soma surgiu durante a ditadura militar vivida no Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Neste período, quem não concordasse com as limitações impostas pelo regime, sofria severas punições como prisões, torturas, exílio e morte. O que se buscou nessas situações foi encontrar formas de reação ao autoritarismo imposto.

Hoje, vivemos uma democracia neoliberal, que impõe uma sutil forma de controle e se torna muito mais complexa em suas malhas de poder. A sutileza é sua grande arma: já não percebemos claramente onde navega o autoritarismo e notamos apenas seus efeitos. A escravidão negra ou as ditaduras foram substituídas por um processo de lenta e progressiva diminuição do poder crítico e da autonomia das pessoas, gerando seres dóceis e passivos.

Essa domesticação do ser humano começa desde a infância, estendendo-se pela adolescência até atingir a vida adulta, criando homens e mulheres apáticos e acomodados, sem espírito de luta. Educadas por meio de uma pedagogia alienante, a maioria dos jovens tornam-se obedientes e submissos. Tanto a pedagogia doméstica quanto a escolar, quando coercitivas, criam pessoas sem a capacidade crítica e sem o desejo de participação ativa na sociedade.

Um ponto fundamental e em comum na Soma e na capoeira é a importância do corpo. O negro – mera mercadoria, bem de propriedade de um senhor ou dono a ser usado até o fim, a morte ou a velhice –, por meio da capoeira, utilizou seu corpo como arma de luta para reagir à opressão. O resgate da identidade corporal foi um fator determinante para utilizá-lo como instrumento de defesa e reação. Isto é o que a Soma procura realizar nos corpos e nas pessoas, para que possam se defender e lutar, inclusive com a capoeira, contra a escravidão branca do autoritarismo capitalista neoliberal.

A capoeira angola vem sendo pesquisada no processo da SOMA há mais de vinte anos. Neste período, temos utilizado os movimentos, os cantos e o jogo da capoeira nas sessões de terapia. A partir disso, realizamos um estudo das sensações e percepções dos membros do grupo em relação à sua prática. Como em outras sessões, o trabalho corporal realizado com a capoeira tem nos auxiliado na construção do processo terapêutico somático.

(Trecho do livro “A Liberdade do Corpo” de João da Mata, Ed. Imaginário)

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